sábado, 16 de outubro de 2010

Os livros que em nossa vida entraram

Ontem à noite começei a ler um livro que sempre adiei, "Lolita" do Nabokov. Fiquei meio impressionada, mesmo tendo lido poucas páginas até agora; o livro não tem nada de pornografia, nem baixaria, mas ainda assim é pesado. Tem uma aura pesada.
Comentei com um amigo que estava lendo, o que desaguou naquelas clássicas prosas literárias: "Está gostando?", "É bom?", "É de quem mesmo?"...
Eu, que adoro um papo, sobre qualquer coisa, até endireito a postura na cadeira para falar de livros. Dos que li, dos que não li, dos que quero ler, dos que queriam que eu lesse. E é sobre estes últimos que queria abrir um parêntese.
Alguns livros escolhemos, outros não são nossa culpa. Compramos, pelo autor, pelo burburinho das revistas, porque nos indicaram efusivamente, porque cheira muito bem (pelo menos eu cheiro todos os livros que pego) ou porque precisamos mesmo.
Mas aí vem a parte complicada. Ganhamos ou "pegamos emprestado" algumas pérolas da literatura do submundo. Vou explicar.
Ganhamos no nosso aniversário. Quando vejo a sacolinha da livraria, ou um embrulho retangular em papel azul fico feliz na hora. Livro! Livro é sempre bom, não é? Ops, "Em busca do príncipe encantado" ? "O vendedor de sonhos" ? "Homens são de Marte e mulheres são de Vênus" ? Tudo bem, nem sempre é o presente ideal.
Ponho então o livro debaixo do braço e vou à livraria.
"Moço, eu queria trocar este livro, por favor."
" Este é da pilha da promoção, você pode escolher um daqui ó."
"Ah! Tudo bem, obrigada!"
Revira a pilha pra cá, revira a pilha pra lá. "Madonna, uma biografia" , "A volta ao mundo em oitenta dias" (esse eu já ganhei), "100 dicas infalíveis para...".
"Moço, posso trocar por cartões de Natal?"
"Pode".
Saio da livraria cheia de cartões de Natal, que vão ser úteis, com certeza.
Se pretende me dar um livro de presente, observe bem.
Beleza, vem a parte do "pegamos emprestado". Aspas para significar que não pegamos, mas nos emprestaram mesmo contra nossa vontade.
Você vai à casa de um amigo, para em frente à estante, enquanto bebe alguma coisa. O amigo pressente e vem andando lá da cozinha.
"Nooooooooossa, você TEM que ler esse livro!"
"'Eram os deuses astronautas?', é bom mesmo?"
"Bom? É ótimo!!! Toma, leva pra casa. Fica o tempo que quiser, mas leia. Leia!!!"
Eu levo, claro, vou fazer desfeita?
Chego em casa com o livro, ponho na cabeceira. No outro dia de manhã minha mãe arruma o quarto e fala alguma coisa como "Nossa, esse livro é mais velho que eu, coisa de gente maluca". É, mãe, eu não o escolhi exatamente. Mas estou com ele, e vou acabar lendo. Não posso ver um livro fechado muito tempo, a curiosidade me mata!
Acabo sucumbindo, lendo de boca aberta, exclamando "Nossa!" toda hora. Independe do assunto, pouca coisa já serve para me distrair. Mas não termino; quando é muito improvável o livro é abandonado antes do meio.
Toca então, na minha cabeça, aquela do Caetano: "...mas os livros que em nossa vida entraram são como a radiação de um corpo negro...".
Largo os deuses e vou ouvir música.

2 comentários:

  1. Bom dia dona Letícia,
    Olha...o livro Eram os Deuses Astronautas é bom para gerar algumas dúvidas sobre como chegamos até aqui...tenho um documentário sobre ele se quiser pode ver tambem... e posso te falar: já estive em alguns lugares citados no livro e realmete quando estamos lá nos perguntamos: isso foi feito por humanos?????

    ResponderExcluir
  2. hahahaha...boooa sal! mas vou agradecer sinceramente o documentário...

    ResponderExcluir